EDITORIAL ABM.BR: Brasília, 15 de junho de 2016
Eduardo
Cunha, político carioca, até poderia ser definido como malandro. Chegou ao
poder na presidência da Câmara conseguindo apoio da direita, da esquerda e do
centro.
Eleito
por uma bancada mais conservadora em 2014, Eduardo Cunha chegou ao poder se
dizendo de centro.
Influenciador
e de personalidade magnética, foi construindo dentro da Câmara uma trupe fiel e
apta a defendê-lo. Parecia estar disposto a enfrentar o PT logo depois que
assumiu ao ameaçar com o impeachment.
Hábil
negociador, tentou fazer um jogo de toma-lá-dá-cá com o governo quanto ao
impeachment. Conforme as revelações da Lava Jato foram surgindo, Cunha mudou de
direção e sentido, passando a apoiar o impeachment e colocando o projeto em
pauta na Câmara. Viu que não tinha jeito, essa que é a verdade.
O PT,
naturalmente, não queria esse jogo e fez de tudo para impedir ou atrasar a
votação na Câmara. Nos bastidores, Cunha fez de tudo para proceder com a maior
velocidade possível, mesmo diante de bloqueios e “revisões do rito” por parte
do STF.
O STF
garantiu “ampla defesa” de Dilma ao reconhecer que o Senado deveria ter
parte importante no processo de impeachment. Diante dessa mudança na
interpretação constitucional, definiu novas comissões de impeachment e novas
votações. Cunha teve de capitular.
Em
paralelo, o ataque do PT a Cunha começou a aumentar. Motivos não faltam. O
deputado, que acabou sendo a maior pedra no caminho do PT, era conhecido pelo
fisiologismo, característica dos caciques peemedebistas que também andam
merecendo o ostracismo.
O
resultado disso tudo foi a sua cassação no conselho de ética da Câmara dos
Deputados. Na sequência, uma ação civil já sequestrou os seus bens. Agora
caberá a Cunha deixar a cena como o “Malvado Favorito” que foi colocado na
frigideira.
Cunha
será o inimigo dos comunistas que jamais quis ser herói. Cunha é como um
Curupira: um trickster da política que sabe jogar com a justiça — em nome do
impeachment — e a injustiça — corrupção e propinas — de acordo com a sua
vontade. Anda para frente, mesmo tendo os pés virados para trás.
Queremos
para o Brasil políticos que sejam, ao mesmo tempo, liberais, no sentido de
facilitar a economia e desburocratizar os negócios, e conservadores, no sentido
de conservar os princípios básicos de nossa democracia constitucional e as
liberdades individuais.
Cunha
parecia se alinhar, em parte, com o primeiro objetivo, mas o segundo objetivo
parecia ter dele aceitação apenas parcial, ou seja, que valham para os outros
leis que não valem para ele.
Esse
tipo de político — e de política — deve acabar no Brasil conforme formos
caminhando para o fim da impunidade e para a responsabilidade.
Já não
aguentamos mais políticos corruptos que cometem estelionato eleitoral.
Queremos
políticos responsáveis e políticas que levem à diminuição do estado brasileiro
com eficiência, e não quem finge que quer isso de um lado para continuar
corrompendo de outro.
Que
Cunha sirva de exemplo a outros caciques fisiológicos, ainda ocupando postos
importantes na nação, de um país que está se transformando e eliminando tanto
compradores, quanto comprados, enxugando a máquina estatal que queima dinheiro
dos pagadores de impostos.
Cabe
lembrar que hoje é o dia em que o TCU deveria reprovar as contas de 2015 do
governo Dilma. Isso é muito importante para continuarmos o processo de
saneamento da política nacional. Que o fim de Cunha e uma possível reprovação
das contas de 2015 da Dilma possam simbolizar, hoje, o começo do fim da
ideologia de castas que parece dominar a nossa classe política, tanto à
esquerda, quanto à falsa direita.
Precisamos
de uma direita de verdade.
#ReprovaTCU
#MalvadoFavoritoFrito